As inúmeras etapas que envolvem a preparação de um jogador até sua chegada ao elenco dos profissionais do Sport Club Internacional foi o tema da palestra de Giovanni Luigi, diretor de futebol e ex-vice-presidente da pasta na atual gestão colorada, apresentada na terça-feira, dia 17 de fevereiro, a mais de 45 integrantes do Movimento INTERnet/BV.
O evento fez parte de mais uma edição do ciclo de palestras temáticas promovidas pelo Movimento INTERnet/BV com o objetivo de capacitar e qualificar seus integrantes. Na primeira edição, realizada no dia 29 de janeiro, o grupo recebeu Eduardo Pesce, representante da Reebok, fornecedora de material esportivo de Inter, Cruzeiro e São Paulo, que falou sobre a relação da empresa com o clube.
Embora fechado para o público externo, o ciclo de palestras temáticas visa construir um movimento mais profissional, organizado e atento à gestão do clube. Durante o evento, Luigi explicou como as categorias de bases estão estruturadas. Para os participantes, ficou claro que o caminho até os gols de Luis Adriano e Alexandre Pato nas semifinais do Mundial Interclubes em 2006 foi muito maior que o vôo de Porto Alegre a Yokohama, ou os jogos finais do Brasileiro, que preparam o elenco colorado para a maior conquista que um clube pode almejar.
O trabalho começa ainda entre os mirins. Hoje, as categorias de base do clube contam com 87 colaboradores, entre treinadores, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais para dar o melhor suporte a estrutura para evolução dos atletas. Luiggi ressaltou, no entanto, que há avaliação e cobrança muitas vezes equivocada do trabalho da base, que conta com aproximadamente 35 jogadores em cada faixa etária. "Nosso objetivo não é vencer competições nas categorias de base, embora participemos e sejamos vitoriosos em inúmeras delas. Queremos mesmo é formar talentos e formar atletas para o clube e para venda", ressaltou o diretor.
Segundo o dirigente, a idéia é trabalhar sobre a tríade "recursos, estrutura e pessoal", colhendo os resultados mais adequados ao investimento e tempo de trabalho. O comprometimento e a exigência dos jovens atletas ultrapassam o campo, no entanto. Há um trabalho de acompanhamento dos hábitos dos atletas, do seu contexto familiar, alimentação, sono, saúde, ambiente escolar e relacionamento interno, segundo Luigi. "Trabalhamos sob a ótica da concepção operativa, onde os processos com atletas envolvem padronização, acompanhamento, colaboração mútua e capacitação constante dos profissionais", exaltou o diretor de futebol do clube.
PLANEJAMENTO – O dirigente detalhou as ferramentas de gestão e o modelo de visão colocados em pauta no clube atualmente. Luigi apontou a evolução estrutural pelo qual o clube passa, ressaltando que os resultados atuais, sobretudo os títulos, jogadores revelados e bons plantéis, tem a marca de um trabalho incessante das categorias de base somado a um contínuo processo de avaliação externa. "Enquanto estou aqui conversando com vocês, há alguém observando os jogos de hoje, avaliando jogadores, atualizando nosso panorama do mercado. Contamos com uma estrutura de contínuo monitoramento de atletas em todo país", relatou.
A meta, destacou o dirigente, é ter um elenco com mais de 30% dos jogadores formados na base no grupo principal. Atualmente, mais de 14 mil atletas são avaliados todo ano pelo Inter em 47 cidades do país, e menos de 70 são aprovados. Luigi revelou ainda que o clube retomará o projeto "Inter B" neste ano, com objetivo de dar ritmo de jogo aos jovens que compõem o time reserva. Ao fim da exposição, o ex-vice-presidente do clube respondeu aos integrantes do movimento, sobre questões polêmicas como condução das contratações, a administração do vestiário e a relação com os empresários. "O empresário é parte do futebol atual. Precisamos respeitá-los, manter a relação de dialogo, colocando os interesses do clube sempre acima", opinou.